O cavalo na Equoterapia, muito embora pareça ser um terapeuta graduado (risos)…não o é. É fundamental reconhecer a natureza selvagem do cavalo e permiti-lo realizar as ações inerentes da sua natureza como galopar livremente, para proporcioná-lo um bem-estar físico e psíquico. Deixar o animal ocioso é péssimo para sua saúde psicológica. A qualidade de vida do cavalo depende também da harmonia entre o animal e o ambiente, considerando saúde, alimentação, manejo, espaço adequado e liberdade de comportamento animal.
Os cavalos possuem os sentidos apurados, por este motivo, é importante não isolar um animal, e sim, permitir o contato entre o grupo da sua espécie, em que são vivenciados a hierarquia, e os contatos visuais e olfativos. Outra característica com relação à sua sensibilidade é que o cavalo consegue perceber o “estado de espírito” do ser humano, necessitando assim de respeito. Como os equinos são na natureza caçados e não caçadores, o instinto do cavalo é a fuga. Esta característica demonstra que o cavalo responde melhor a gestos delicados do que a força, sendo, portanto, a doma racional ou doma gentil uma melhor opção para animais que vão trabalhar na Equoterapia.
De acordo com Brambell (1965), o bem-estar dos cavalos é descrito conforme abaixo:
- Livre de sede, fome e má nutrição;
- Livre de desconforto físico e térmico;
- Livre de dor ou doenças, com diagnóstico e tratamento;
- Livre para expressar o comportamento dos equinos;
- Livre de medo e estresse.
Os equinos apresentam sinais quando estão com distúrbios comportamentais:
- Irritabilidade excessiva;
- Agressividade;
- Morder as paredes divisórias ou cochos;
- Má vontade de trabalhar;
- Coprofagia: ingestão de fezes;
- Aerofagia: engolir ar;
- Dança do urso: movimento pendular do pescoço e da cabeça.
Quando observado que o animal não está bem, é preciso verificar:
- Dor;
- Mudança na alimentação;
- Falta de espaço;
- Ataque de insetos;
- Calor ou pouca ventilação;
- Cama suja e úmida;
- Vícios de um outro animal companheiro;
- Treinamento estressante;
- Falta de afeto do homem.
Sobre a alimentação, assim como um atleta necessita de uma dieta diferenciada, dependendo do seu esporte, o cavalo também pode necessitar de diferentes nutrientes, dependendo das suas atividades diárias e do seu ambiente (estábulo ou campo). Controlar a alimentação previne o desconforto, a obesidade e também distúrbios intestinais que podem até levar a morte do animal.
Quando o cavalo não estiver trabalhando ou comendo, o seu tempo poderá ser preenchido com atividades como: caminhar puxado, relaxamento, trabalho no redondel livremente, trabalho com guias, trabalho montado, trabalho com os objetos utilizados nas sessões de Equoterapia, trabalho de sensibilização ao toque e ao som e higiene das baias e dos pelos. Toda a equipe multidisciplinar poderá se envolver nas atividades com os cavalos e não apenas o equitador. O contato direto e afetuoso com os animais torna a presença do ser humano agradável, diminuindo o medo e a agressividade, favorecendo uma sessão de Equoterapia tranquila.
A Federação Equestre Alemã reconhece que o envolvimento com cavalos favorece o desenvolvimento do caráter e da personalidade, principalmente com os jovens.
Portanto, o cavalo é um membro fundamental na equipe multidisciplinar da Equoterapia, um excelente companheiro de trabalho e necessita do cuidado e carinho de todos os profissionais envolvidos.
Grande abraço Ω♥
Silvana Gabriel Quintino Rodrigues